sábado, 19 de dezembro de 2009

Desavisado

Mas eu juro que não sabia
que havia de doer esse tanto
mas passa,porque me disseram
o amor só dói de início pra assustar
assim espanta os fracos e só o forte vai ficar
já é um aviso : é pra gente grande esse tal de amar
e eu abusado quis ser gente grande também
quis furar a fila,me dar bem
mas eu não sabia
não sabia que doía.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Se é pra falar de amor

Que se é pra falar de amor
que se seja homem
que se carregue nas costas o peso que tem uma mulher
e que se aqueça o peito até queimar
porque amor não é coisa amena
é coisa que mata, envenena
não é coisa pra gente fraca,pequena

e se é pra amar é preciso ter um corpo forte ao menos
porque a mente se destrói
e que se tenha pouca maquiavem no rosto
porque borra de dar gosto
e dá gosto de chorar sem ter motivo

e que se é pra amar que me deixem ser triste por um instante
que todo amor é regado com dor
e só se cria dessa maneira
que se existe algum amor calmo
esse não é amor,é apenas algo parecido
e amor não se parece com nada, amor se é
amor não pode ser um pouco, amor se é um tudo

e se é pra falar de amor
que não se tenha medo de se despir
e dizer o que se sente gritando
e que não se tenha medo de tocar no amor
porque o amor arde
mas a marca nunca mais se apaga
e quem se queima de amor tem louvor,tem graça, vive

porque se é pra falar de amor
que me permitam chorar
que faz tanto tempo que não choram as pessoas
que quem chorar é forte e há de sorrir

se é pra falar de amor
que se cortem as mentiras
que se cortem os porques
que se beijem os amantes.

domingo, 22 de novembro de 2009

Por mais um dia (poderia?)

e então a luz se faria
e da noite o que seria?
e a amargura morreria
se eu tivesse aquele amor
aquele amor por mais um dia

e os pessimistas o que diriam
vendo estampadas nas moças alegria
moças que a rosa cherariam

e com os outros, o que sucede
se nosso amor por si impede
de existir algo maior

e do só o que seria
se nosso amor estaria
desenhado em cada sol

e do sol,pobre sol, como brilharia
se eu brilharia muito mais
se eu tivesse aquele amor,aquele amor por mais um dia

e as moças chorariam
rios e rios sem parar
e para os céus pediriam
amores que pudessem com o nosso comparar

e do nosso mundo o que seria
se está sujo, quase sem magia
tanta magia não poderia aguentar!

e o ódio,será que aguentaria
ser apunhalado por tanta alegria
ver o seu sorriso sem chorar?
e meu coração será que poderia
ter seu amor por mais um dia
o amor que deixei escapar?

sábado, 21 de novembro de 2009

Sobre vida,samba e outros temporais

Eu requebro pela vida como negra de samba
mas esse samba ninguém me ensinou a sambar
mato os problemas na cintura
nenhum problema me atura
nenhum mal há de me torturar

mas essa preta tem tristezas
que as vezes nem com proezas consegue disfarçar
e chora calada ou sorrindo
fala que não se importa fingindo
que a vida é fácil de levar

é torta de palavras e amores
esbelta mas cheia de dores
de tanto da vida apanhar
e quanto aos problemas maiores
aí só lhe resta sambar

que venham temporais e tempestades
que a nega se faz majestade
na porta da escola a sambar

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Amor a 50 centavos

Amor a 50 centavos
ser amado por uns cruzados
que hoje em dia é o jeito mais fácil
já que o amor é tão descartável
a gente resolve e até abre negócio
que esse negócio do coração parece complicado
mas sabe que não é não!
É besteira se achar diferente
só muda o endereço ou muda o nome da gente
e as vezes nem isso!
não sei pra que então tanto reboliço
ninguém na verdade se importa
sai uma pela janela entra outra pela porta
muda a moça mas você recita a mesma canção
muda o buquê mas é o mesmo cartão.

não quero mais me enganar
se ele vai chorar hoje por mim e amanhã por fulana
e pobre da fulana, porque depois vem a ciclana
e depois sabe lá mais quem, a fila vai além do que posso querer enxergar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pra quem souber do amor ( venha me contar)

Tanto que se quer florescer o amor
que se arranca a flor antes de nascer
eu sei, é dificil ver
rearranjar encontros,eternizar contos
enquanto tudo é tão vão
ai, mas tudo é tão fulgaz
então como a gente faz?
pra manter um amor, que nem se criou
e já vai morrer
eu não sei se ainda consigo rir
dos nossos pés desconcertados
dos nossos corações despedaços
eu já nem sei quem sou
como saberei quem somos nós?

Será que você sorri
ou fui em quem vi
nessa confusão,um quê de graça
nessa solidão?

Ah ,se eu souber do amor
posso te contar
no vento a soprar
se alguma paciência ainda lhe restar

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Saudade

Saudade é quando faz frio no coração

Pedaços

Pedaços
reclamam ser pedaço quando tudo esta acabado, as cartas
estão rasgadas, a cama fria,o telefone que não chama.
sem saber que sempre foram e sempre serão pedaços,
pedaços incompletos, errados e ainda sim complexos
e nunca passíveis de entedimento total.
Somos pedaços, pedaços de cada chão que já pisamos,
cada ar que já nos
acariciou e cada mão que já nos esbofeteou o rosto.
Somos pedaços , de cor e forma indescritíveis,pedaços
assim sem explicação.
Pode-se acreditar em grandes histórias para sermos tais
pedaços ou apenas acreditar que somos porque é assim que é.
Tem gente que ainda discute,bate o pé, não quer ser pedaço,
quer ser inteiro, não quer depender de outro pedaço para se
torna entendível,objeto completo, nomeável.
É tão perigoso mesmo se encostar em outro pedaço, passar a
ter um nome e uma forma,e pior de tudo, gostar disso, e correr
o risco de um dia voltar a ser pedaço.
Uns se negam a aceitar outro pedaço , talvez por medo, talvez
por querer ser só um pedaço mesmo, outros aceitam, se aventuram,
quase sempre voltam a serem pedaços e depois a serem objetos e depois
a serem pedaços, quase num ciclo sem fim.
Eu já fui tantos objetos, e já voltei tantas vezes a ser meu bom e
velho pedaço que pouco me atrevo a palpitar em qual objeto eu irei
parar, mas as vezes dá aquela impressão que eu achei
o pedaço certo e que quero ser dessa forma, desse jeito, desse pedaço pra sempre.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Homem do sapato marrom

Hoje me deu aquela saudades dele, AQUELA. Não a outra, de desespero, de puxar cabelos, de rasgar o coração, de incêndio.
Me deu a saudades mansa, de suspiro, de apoiar o queixo sobre as mãos e lembrar e sentir saudades e querer não sentir.
Fiz o caminho de carro que nós fizemos na última vez, nunca a linha amarela tinha ficado tão linda e esperançosa quanto naquele dia
Ele sabia, sabia que a estrada estaria linda, então de propósito fez questão de estar lindo também.
Só porque o sol brilhava amarelo ele quis ser amarelo também.Logo ele que se vestia para ir para esses lugares como quem vai comprar um pãozinho na padaria, logo ele nesse dia estava de amarelo, uma blusa social amarela e linda, e uma calça jeans também linda,mas não amarela, é claro, e aqueles sapatos que só os papais e homens de negócios usam para ir trabalhar no centro, daquele tipo que se engracha e tudo, mas não os pretos, os pretos são de papais de 60 anos ou de homens sem nenhum charme
a encrementar, daqueles que comem mc donalds no centro da cidade e mancham a gravata vermelha com o molho especial e picles.
O dele não, o dele era aquele tom abaixo demarrom,aquele tom de madeira clara corrida de uma casa novinha em folha, aquele tom que só se olhar pros sapatos você sabe que o homem está usando um perfume maravilhoso e dá vontade de andar com ele, o homem e também o sapato, por Paris, não de mãos dadas que aí seria com homens de
tênis, mas sim sendo carregada nos braços, e
rodopiada a luz do dia, enquanto ele me explicava a história de cada monumento, e também teria vento, balançando meu chapéu, e também tinha ele, bagunçando meus sentidos.

sábado, 6 de junho de 2009

Sem encostar os pés no chão

Não falo de romances desesperados
romeu e julieta ou coisa assim
falo de explosões dentro de mim
explosões de ternurinhas
de carinho, risadinhas
Ele provoca uma chuva de foguetes na minha barriga
deve ser por isso afinal que agora eu brilho o tempo inteiro
Falo de um amor que também não é só doçura
que não é só candura e confissões
falo de um amor que também sabe ser desejo
suspiros e arranhões
E eu descrente,sem ritmo, sem graça
e eu evitando desvaneios,anseios,desgraças
enfim me vi rendida
quase sem aguentar seus beijos na minha barriga
quase sem aguentar o meu tanto querer
Falo de um homem que enfim me tirou suspiros somente
e me acrescentou algo que me faltava novamente
Eu tenho alguém, e como é bom poder dizer
Meu sorriso agora tem nome, tem porque
Eu tenho você
para dar carícias,desejar delícias
para conhecer seu melhor e seu pior
e quem dirá que isso não é amor?
conhecer de cada um a beleza e o horror
e ainda sim se entregar o amor, e ainda sim querer se tornar ao invés de dois um só
Quero entrar nessa dança,que também é de insegurança, eu sei
que ora aperta aperta aperta meu coração e no outro instante tudo é sorriso tudo é paixão
Meu amor,nada espero de ti além dessa angustia sem fim
de ora ter você enfim
e ora contar as horinhas até ter você junto a mim

nada espero de nós
além de quando estarmos a sós
na rua,ou num quarto qualquer
ter sua verdade,ser sua mulher
esquecer o mundo lá fora
e sermos um agora
e quando não juntos sermos cada um uma parte
de uma bela arte,de amor.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Antropocentrismo

É preciso muita cautela para mudar, é como manter um segredo, tenho uma explosão por dentro mais ninguém sabe.
É tolo mas é preciso esconder, é preciso não se trair, porque ninguém entende o que só a gente entende.O processo de
mudança que cada um sofre por querer ou por obrigação é um tirar para ter, no final você vira a tal parede de tijolos, no
final você consegue a integridade de se ser,mas durante esse processo sua construção está sempre por um fio, a tinta sempre
está fresca, sua situação é sempre delicada.É como se para ganhar a alegria fosse preciso antes ficar muito triste, e quem
não entende disso?A vida é uma eterna montanha russa, muito triste, muito feliz, muito triste, muito feliz, e quando não se
está nem um nem outro pode ser perigoso, talvez você esteja estagnado ou esperando uma mudança que não depende de nada para
acontecer a não ser você.
Por isso tenho tanto medo da individualidade que tanto gosto.No processo de mudança estamos tão frágeis que é quase inevitável
e quase humano precisarmos de outras pessoas para alimentarem a falta que sentimos, a falta de nós mesmo, o desequilíbrio
que toda essa mudança custa.Mas e quando nos formamos?Que medo.Não precisamos mais um do outro.E aí que acontecem as trapaças,
o descaso, e daí que se fala ''como ele pôde mal se importar comigo, ele que tanto me amava, ele que tanto prezava pela minha
presença''.Pois é, ele se formou, e a parte que o faltava já foi reposta e você já pode deixar o seu lugar.É como perder a perna
e botar uma outra no lugar, e com o tempo sua perna voltar a crescer,e vc já nem precisa e já nem pode ter a outra, e a outra
perna, que tanto gostava de ser sua é descartada, logo ela que te ajudou a andar durante todo esse tempo.... será natural ou
será um crime?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Eu acredito

E quando me perguntam porque tanto luto, bem,recuso-me a ser uma fração pequena desse mundo tão grande, eu quero ser do tamanho do mundo.

eu acredito, eu acredito
em mim.
Benditas sejam as crianças que ainda não aprenderam a malícia que se precisa ter para viver

Momentos de descuido

Falo não da praticidade do dia-a-dia
da rapidez que precisamos ter
ou do agir sem pensar que somos obrigados a cometer
eu falo de quando o tempo congela
de quando os olhos capturam em câmera lenta todos os movimentos
eu falo em movimentos perfeitos sem a pretensão de ser
eu falo dos netos, da afeição, da pureza
do nada esperar em troca
e do tudo querer dar
eu falo de amor
por que é isso que rege o universo
porque é isso que me rege
dos aborrecimentos do dia, das 23 horas corridas se esquece
mas daquele olhos que me olharam por 1 minuto ou dois
daquilo falarei pra sempre.
Eu falo de momentos ilógicos
momentos não calculados
momentos de descuido
naquele tropeçinho sem querer
naquele sorrisinho sem porque
e você pensa:
ops, fui feliz!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Papo furado

Eu não sei mais escrever.Aponto, aponto o lápis até conseguir ter
alguma idéia.A ponta do lápis já fura como uma agulha e nada.
A folha que era branca já muda de cor, envelhecida, sem uso.Tanto
uso ela poderia ter, tantas histórias poderia contar, mas nada..
Bato com a ponta do lápis na mesa, já não me importo em quebrá-la,
hoje ela está tão inútil para mim, logo ela, companheira de longas
noites de histórias choradas,que podem ser até inventadas mas
sempre são minhas no final.Eu sei que parece estranho, mas meu
lápis e meu papél só gostam de mim quando estou triste.
Aliás, estranho uma ova!Todos sabem que o melhor escritor é a dor,
não pode-se negar.Quando se está feliz é como não se ser, se esquece
das dores do mundo, como então contar alguma se história se você
não pega o fio da meada?Todas as histórias que acontecem são sobre
dores e como reagimos a elas, se lutamos arduamente ou se nos
entregamos a ela e concedemos-na uma dança.Quero dançar de novo
com o vilão sem rosto, quero dançar com a insegurança, me
aventurar numa corda bamba com milhões de crocodillos me
esperando no chão, quero sentir de novo paixão, que nada mais
é do que uma dor que ora dói dói dói como dor de dente até
tomarmos uma providência e tudo volta ao normal e ora
dói dói dó
i como um espinho e quando o tiramos é só gosto de
flor, uma delícia!
É questão de sorte, ou se é feliz ou está se tentando ser, não pode-se
resguardar, ou se dá a cara a tapa ou nunca se conhece o carinho.
É preciso de dispor a se machucar para poder sentir a plenitude
da cura, do remédio, do amor.Claro que tem gente que se machuca
mais, gente que se machuca menos, é loteria amor,mas pra ganhar
ou pra perder é preciso jogar.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Acabando

Querido, a pessoa que eu sou hoje não é a mesma que eu era a um
segundo atrás e nem e muito menos ontem, e nisso há um problema,
bastante do complicado que me enrosca a cabeça de uma maneira
irreversível : você é o mesmo de um minuto atrás e de ontem.
Seria óbvio para mim acabar essa carta aqui, parece implícito o que
vou dizer, porque sou muito egoísta e cabeça dura e teimo que todos
haviam de pensar igual e entender igual, quanta bobagem.
Pois veja, se te resguardei tanto amor durante tanto tempo, tanto
afeto, tanto choro reprimido, tanto sapo engolido, eu não posso mais
te amar, porque já não sou quem te amava.
Eu sei que o erro não foi seu, me punam os anjos porque não foi
você, fui eu que mudei.
Eu sempre te disse, e você tem bem que concordar, que nunca
acreditei muito em amor para a vida inteira, amor ardente o dia
todo, eu fui sempre muito logística, eu fui sempre muito, como
dizem, ''pé no chão'', enquanto você voava em dramalhões
mexicanos, em amores possíveis e para sempres que só se vêem
em novelas
.Muitas pessoas até achavam pouco másculo, já que geralmente o
homem é o mais descrente e a mulher a pobre vítima da paixão,
mas eu acho que isso o que sempre me atraiu em você, o dom de
acreditar.
Pois bem amor,acho bem que você vai sofrer, chorar, enlouquecer
nem que seja por um curto espaço de tempo,mas eu lamento.
E você pode se perguntar como alguém que viveu ao seu lado tanto
tempo pode assim te deixar e não se importar, mas meu amor,
veja bem, já não sou eu quem te amou, era outra pessoa que não
mais aqui está.Mas você pode achar essa pessoas nas minhas roupas
que você censurava, nos meus sapatos altos que eu sempre tirava
no final da festa, nos meus discos velhos que você julgava ''só
barulheira'', na cozinha sentindo o cheiro da cebola que eu cortava
sem chorar e você ria falando que eu não tinha coração.
Pois é meu bem,acho que não tenho mesmo não.Acho que eu não
nasci para paixão, é sempre assim, não consigo evitar, no começo
me sinto apaixonada mas sempre acaba com alguém sangrando
e eu com a faca na mão.Não entenda ao pé da letra,posso ser
até uma nova pessoa mas de assassina ainda estou longe.
Eu sei que vai doer, mas sinceramente eu não quero nem saber.
Talvez o problema não seja eu ter mudado , afinal mudanças
são sempre precisas, aceleram a vida, mudam as estações
.O problema foi você ser sempre o mesmo.As pessoas mudam o
tempo todo, e um dia meu amor, suas palavras não fariam mais
sentido, um dia eu não aguentaria mais te chamar de marido e
aguentar ser sua só aos sábados porque dia de semana você está
muito cansado e domingo tem futebol, um dia eu não acharia
mais que valia a pena discutir com você em plena luz do dia
seu machismo estúpido, um dia eu não aguentaria mais cortar
cebola enquanto ouviria suas piadinhas que eu já sei de cór,
um dia seu senso de humor ia perder a graça.
Um dia você ia me perder.
Não me procure por favor, nem tente fazer em tão curto
espaço de tempo as coisas românticas que você nunca me fez
em 20 anos, não faça escânda-los: eu terei sim outras pesssoas,
mas não se preocupe, eu sempre enjoarei delas no final.
Eu nasci sozinha meu amor, assim como você, e assim que
vamos viver e morrer.Em todos esses anos eu não fui sua e nem
você foi meu, ninguém pertence a ninguém e quem acredita
nisso para mim é burro ou fraco demais para conseguir viver só com a sua presença.

domingo, 15 de março de 2009

Quem sabe o final da canção?

quem sabe me dizer o que me falta, se é uma alça, se é um botão
quem sabe o final da canção?
que roda minha saia, que me leva pra gandaia, que me joga no chão
que me joga na rua
nua


Quem me seduz de verdade
se na realidade todos os corpos são vazios
ou cheios de quinquilharias, velharias
que o velho já não me atraí mais, e se o novo nunca vem
nunca vem
nunca alguém
nunca vem


O que é então
que bate lá no fundo do meu coração
depois que as luzes se apagam, depois que as festas acabam
depois que a bebida já não faz mais efeito
o que é que me arrebenta o peito
o que é que me acelera a batida
onde mora a pessoa com qual eu não me sentiria perdida?
qual é o final da canção?
qual é, quem é?

Quem é verdadeiro o tempo todo?
quem sabe ser o gelo e o fogo?
quem saberia me ter, me entreter por uma noite a mais
quem se destacaria entre os demais
a quem eu deveria e poderia chamar de amor
sem ser falso apelido, sem ser costume, sem ser igual aos outros
quem me faria ter libido, me sentir mais vivo, me sentir um par?
quem me faria sorrir ao invés de tanto chorar?
tanto amar ao invés de tanto mar.


Meu Deus, quem sabe o final da canção?
irei mesmo cantar sozinha, fora do tom
alguém terá enfim o dom, de cantar comigo, de ser meu amigo e muito mais
alguém me trará paz
ou guardarei a canção na gaveta
para que eu até mesmo a esqueça
para deixar para depois
Eu fiz o começo, bonito, até divinal
será que ela terá seu final
ou será que nunca vem?
ou será que tem alguém?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Acalma flor

Deixa assim ser
Que um dia há de haver
alguém para ti, flor
moço já sabido do amor
moço sem rosto,mas sei que terá seu valor
dói ser bela nesse mundo de sujeira
mas sei que de qualquer maneira
beleza como a nossa será recompensada
não tem dor que venha desavisada
não tem crime desprovido de um castigo qualquer
eu te vejo como és, mulher
mulher como poucas são
do tipo que merece poema, canção
mulher flor,de pétala, caule, raíz
mulher que merece ser e me faz feliz

Deixa estar flor
não deixe de sonhar
que nossa hora há de chegar
com toda pompa e circunstância
o amor se abrirá diante da ignorância
em forma de flor

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Zona Sul

As pessoas da zona sul, não são gente como a gente
Vivem correndo para lá e pra cá, seja em seus ônibus que soltam fumaça
ou suas bicicletas que correm pela orla
E mesmo com pressa ainda conseguem passar certa leveza, certo mistério
que só se encontra na zona sul.
Tanta gente falando outras línguas
Tanta gente que não quer nada com a vida
Tanta gente de biquini, de canga
Tanta gente de terno e celulares que não param de tocar
Tanta gente passando pelo mar
Tanta gente.
A zona sul tem um mar de água e um mar de gente
Tanta gente diferente que junta forma algo lindo de se ver e se viver.
Ás vezes a zona sul se transforma em caos, entre suas pequenas ruas,
seus engarrafamentos, pessoas estressadas, intrometidas, pessoas atrasadas
e inconsequentes, drogas, mendigos
Na zona sul ando com um olho na paisagem admirada e outro na bolsa com medo de ser assaltada
E mesmo assim, mal consigo não ir para lá
Nunca me apaixonei por um homem que não fosse de lá
Quando digo que gosto de alguém e digo ''ele mora na zona sul'' o contexto todo muda,é como se no currículo da vida morar lá
fosse um curso que acrecentasse muita coisa.
Mas morar lá nada afirma, tem gente pobre, gente rica, gente chique e gente de chinelo de dedo, tem noitadas e botecos, e
acreditem, tudo grudadinho, um do lado do outro.
A zona sul me confunde toda, gira minha cabeça por todos os lados, por isso adoro estar lá, mas só de passagem, olhar a paisagem,
as pessoas tão diferentes, várias culturas, várias figuras, atos e fatos que nunca ocorreriam onde eu moro, mas é só ficar
lá por um ou dois dias que já sinto a agonia de voltar para a minha zona, de casas grandes e separadas, prédios baixinhos
e o barulho do grilo cantando e avisando o sol que virá.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Eu e você, sempre

Meu amor, você esqueceu como são as pessoas?
Ri, mas foi de leve, como quem se deixa rir sem querer
Ele era tão lindo, não para o mundo, para mim, para meus olhos
Dizem que o amor é cego, eu acredito que seja ao contrário
Acredito que quando se ama se ganham lentes tão apuradas que podemos ver o interior de quem amamos, e por isso os achamos lindos:
vemos a beleza que ninguém mas pode ver, nenhum rastro de ternura pode se esconder de nossas lentes
Quando o amor vai acabando os olhos vão ficando doentes, se vão as lentes, a beleza é perdida a olhos nus,e se pergunta ''como
antes eu o achava tão bonito?Agora tão banal''
Mas ele ,que estranho, o vi com lentes por tanto tempo.Depois a lente caiu, quebrou, e eu quase gritei de susto achando que
as lentes haviam me deixado realmente cega.Mas após utilizar tantas outras lentes, tantas pessoas diferentes, surgiu de repente
ele e o vi com lentes magníficas, vi detalhes da sua alma e me pinicava a barriga de risinhos ao ver tanta doçurinha.
Então era bem assim, não importava quanto tempo haviamos nos afastado, mudado, vivido, no final era sempre a gente.
Eu fazia algo diferente do meus estilo daqui, e ele dali, e depois nos ligávamos e ríamos das nossas besteiras. E quando eu
contei para ele sobre uma história horrível da qual ouvi ele disse ''esqueceu que nem todos são como nós?''.
Quase o abraçei o telefone, já que ele estava a alguns minutos, quase uma hora com o trânsito, de distância. O mundo lá fora
é outra coisa, outro assunto, outro mundo.Existem dois mundos, um em que moram as pessoas e outro em que mora o amor e nós moramos
no segundo.Me sinto tão desprotegida quando tenho que sair pelo caos sem ele, é quase como se os outros falassem outra língua,
e quando eu me sinto perdida de maneira inconsolável só falar com ele acalma meu coração, porque ele entende minha língua, ele
entende e me vê com lentes.
Tanta gente diferente, bonita, animada, mas juro que vi e é só fachada.Me iludi, assim como você mesmo já deve ter se iludido,
achando que do outro lado do muro tudo era mais gostoso e melhor.Que propaganda furada, me senti esquecida em meio de uma cidade
de pessoas também esquecidas, ou então muito lembradas sem ao menos merecerem.
Mas sabe quando vocÊ faz uma escolha e não se pode mais voltar atrás? Não por falta de coragem, juro que sou frágil mas minha
força de vontade é contruída a aço, mas por não ter mais sentido.Não tem mais sentido eu lhe falar que devemos novamente nos
ver de lente em tempo integral, até porque essas lentes tem validade, e você sabe, todo dia acabam se desgastando e logo logo
quebram.Então é como um segredinho.Ele vive dali, e eu vivo daqui, quase não suportando mais esse ir e vir de pessoas que nós
vemos desfocadas e sem cor, e quando começa a me faltar a vida eu grito e ele responde, e eu sinto cheirinho de grama e de terra
molhada, e eu sinto aquele cheirinho de estar em casa, pois juntos formamos um lar.
Riu das minhas histórias mas logo endureceu o olhar, ''eu te amo'', para que falar?Se todo o mundo falar por nós quando estamos
a sós.O sol brilha mais bonito, meu peito aconchega a agonia, só acontecem amores e alegrias, verões durante o ano inteiro, janeiro
a janeiro.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Quando se encontra alguém não se vê mais ninguém

.
.
Essa cidade é tão grande
e eu sou tão pequena
Caminhando por ipanema
Morena?
Não, sem cor
Que cor tem o amor?
Todas
E eu sem ele sou transparente,não sou gente
Sou alma desgarrada, largada, pelada, penada
Sou um céu sem luar
Ele existe,mas a lua não está lá, então para que olhar?



Meia noite tudo fazia tanto sentido
mas de manhã me falta tua voz ao pé do ouvido
Nossas mãos entrelaçadas
Nossos beijos e risadas
Nossa felicidade tão mansa, tão tranquila
Nossa brisa de amor
Nossa brasa de ardor


Como posso fingir não te saber?
Nenhuma mulher é a mesma após te ter
Seu corpo moreno, seu jeito sereno
Desculpe mas preciso dizer
Enfim, sem me preocupar em jogos, em esconder
Você é tudo que eu sempre procurei
Do meu corpo você é rei
Ninguém mas poderá me governar
Esperarei até voltar


Quando se encontra alguém, meu bem
Não se vê mais ninguém
Eu agradeço por ter achado alguém
Que eu não possa viver sem
Eu agradeço por ter encontrado o destinatário
para os meus poemas antes guardados em diário
para meus pensamentos antes perdidos no vento
para o meu amor.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A Espera

Agora sem ele não sou nenhum
Agora sem ele sou vara bamba, não paro em pé

Eu ando na rua e rio dos homens
Nenhum é tão homem quanto meu amor
Nenhum tem o brilho de seu sorriso, sua cor
Meu Deus, o quero por inteiro, de janeiro a janeiro
Quero dourar meu corpo no dele

Quando andávamos de mãos dadas
eu esqueci que haviam pessoas, estradas
esquecia que haviam necessidades, outras verdades
Mal precisava nenhum outro tipo de vida
ele era meu ar, minha água, minha comida
me sustentava esbelta e feliz
me fazia mais que uma atriz
aquela alí, aquela contente, aquela não mente minha gente
aquela sou eu com ele, feliz de verdade.

E quanto a outros?
Nenhum agrada o meu gosto
Por eles impossível sentir amor
São todos tão sem cor!
O que fazer então?
Ai moço, sei não!
Vou esperar por ele
porque sem ele, moço,doi bastante
Sei que ele pode voltar a qualquer instante
Sei que pode ser mais tempo,pra mais de semana
Sei que meu coração aperta, reclama
mas porque gastar meu tempo com passatempos
Homens sem graça, conteúdo ou paixão?
Porque virar noites com desconhecidos
beijar sem líbido, mentir nome, telefone
Querer só por uma noite, uma hora
(sem demora e logo vou embora)
porque abraçar homens sem forma, esqueletos sem recheio?
porque aceitar ter alguém ao meio
se o meu amor eu tenho por inteiro
Não vejo motivo não.
Vou mesmo esperar então
Eue não tarda meu homem volta
Enquanto isso entre letras e cartas
Planejando poemas e serenatas
Eu o espero chegar
Mal posso contar
quantos beijinhos irei lhe dar
quantos carinhos estão a o esperar
''Só tenho a agradecer já que achei você''
Alguns quilômetros nenhum efeito irão fazer
Agora deixe-me ir que o trabalho me espera
Vou secar a roupa, lavar a panela
E contar as horinhas e estrelinhas que faltam até ele chegar
Eu sei que você não entende moço
Me achar boba e louquinha.
Mas espera até você encontrar um amor para vocÊ, moço
cê vai ver que gostoso é enlouquecer!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Carta a um amor distante

Carta a um amor distante
não mais pulsante como custumava ser
mas sei que um restício de carinho há de ter

Entre tantos amores
e tantas dores que eu passei, não por você
podia parecer até mentira o que vou dizer
Entre tantas corpinhos
beijinhos e carinhos que não os seus
pode até pedir um adeus o que vou dizer
Entre tantas despedidas e novas vidas
entre tantos choros e risos nunca para vocÊ
pode parecer infame o que vou dizer

Mas entre tantos amores o que eu mais amei foi você

Parece até maldade
mas é a pura verdade
Já me atirei aos braços de outros amantes
já passei noites com outros delirantes
Já gritei outros nomes que não o seu
Já jurei que você era mais um
Já jurei que não amei nenhum
mas amei, e foi você.


Já fui tão bem amada
que até esqueci a jornada de amar alguém
mas entre tanto vai e vem
lembrei como eu era outrora
e vi como estou agora
tão seca e desiludida
Lembrei da flor que me tornou
lembrei da ferida que me causou
Lembrei que seu amor era tão intenso
Já me inundou, já me secou


Carta a um amor distante
carta ao meu primeiro amante
carta ao homem que amei
carta da carta que tanto projetei em meus pensamentos
carta sem lamentos ou felicidades
apenas algumas letras, apenas alguns fatos
retratos do que não volta mais, ou volta

Escrevi por não ter o que dizer
Escrevi por não saber o que fazer
Escrevi porque vi você
Metade meu, metade do mundo
Escrevi por não saber nada profundo para falar
Por isso escrevo, meus sentimentos são mudos
meu coração confuso, minha mente um mundo entre a loucura e realidade
Não conheço a minha verdade mas para ser sincera
perto de você me sinto primavera
você me faz sorrir
seja lá que porta essa verdade há de abrir

Não estou apta a amar
mas também não consigo me calar
Seja lá o que isso possa significar.