segunda-feira, 29 de setembro de 2008

despedida (de novo, de novo)

Ela não sabia amar.Amava desmedido, e amor não pode ser assim. Amor é calmo, constante, conformado.Ela amava ardido primeiro,
moléculas agitadas,coração quase saindo do peito. Depois o amor virava gelo ralo, aquele do fundo do freezer que fica ali,
triste e insignificante por muito tempo até alguém tomar coragem e resolver descongelar o freezer.
Ela não sabia amar, repetia para si mesma enquanto fazia aquele caminho, o antigo caminho de volta para casa. Já tinha feito aquele
caminho com tantos homens, sempre o caminho da despedida. Andava olhando para o chão, fingindo ter frio, enquanto eles
andavam trocando as pernas, com os olhos marejados e coração inconformado.Aqueles homens, lindos homens, altos, másculos
e divertidos, que há meses atrás faziam ela temer perde-los, aqueles homens agora só desejavam voltar no tempo, tê-la de novo.
Eles iam embora pensando que perderam a mais fina flor, a achando a única, a achando uma linda princesa a qual valia a vida
poder estar junto.Ela carregava sob os ombros o peso de destruir um coração a qual tanto tempo havia cuidado, ela carregava
o peso que tem o assassino, o assaltante, o carrasco.No final sentia um grande alívio, mas esse nunca era maior do que o
sentimento de repúdio por si mesma.
Por que havia então se sempre arranjar alguém para machucar?
ah, ela tinha aquela mania, aquela velha mania de carinho nas tardes de domingo, de ligações no fim de noite, de reclamar
das toalha jogadas em cima da cama e de receber massagem após um longo dia.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Moreno.

Depois do sol, vem o vento
a cobrir os sorrisos, a disfarçar os olhos
depois de mim vem você
sereno que dói, moreno que ri
caminhando por uma praia qualquer
pintando o quadro mais bonito que já vi
ai, é tão óbvio você
é tão óbvio nós dois.
sigo nosso caminho de encontro ao mar e eu deixo a onda me levar
até minha ilha-você.


(também antiga, saudades.)

Brisa você

Você? Brisa desconcertante, soprando mais e mais, refrescando até o mais
quente dos asfaltos que piso. Desconcertante, me entenda bem, de nada tem a ver
com incoveniente. Usei desconcertante por um único motivo,claro, porém pouco óbvio,
brisa se pensa leve, suave, passageira, que mal altera coisa alguma. Você
é suave, de pele, de voz, de pensamento, leve, tão leve que quase me leva
contigo quando voa indo embora. Mas está longe de não movimentar coisa alguma,
é uma brisa que move o mundo, que faz voar todos os grãos do deserto, até
formar montes de areias jamais imagináveis e jamais vistos inteiros a olho nu,
montes-de-pensamentos-meus.
Passageiro? jamais. No começo, veio brisa quente, ardente demais, que quase
incomodava de tão ardida.Ardia o corpo, a alma, ardia os olhos, parecia que todo
o mundo ardia. Mas é como todas as vezes, você senta, se acalma,toma um copo d'água
e pensa que hora ou outra passa, hora ou outra vai ser como se nunca tive acontecido.
Mas aí,como de costume levantei, de cara lavada, esperando recomeçar a viver, como todas
as outras vezes. Mas não, você é brisa que entrou, encheu meus espaços vazios, deu
vida a partes do meu corpo e alma antes esquecidas ou até jamais encontradas por alguém.
Eu nunca entendi a materialização do amor como o CORAÇÃO, que é um orgão tão feio, meio marrom,
sem forma definida, nada parecido com a figura bonita, vigorosa e avermelhada
que desenhamos no cantinho do caderno.Mas dia desses eu olhei para
você, como quem não quer nada, como quem olha para janela durante
minutos distraído com a imagem tão bonita que você nunca se cansará
de testemunhar, e senti um queimar bem ali, no coração, juro.
Um ardido inexplicável,e ao mesmo tempo uma brisa refrescante que
quase me fez flutuar, tudo ali, dentro do coração.
Não sei se realmente descobri o porque dessa relação maluca entre o
orgão e o sentimento, ou se apenas percebi
tal relação sendo real por ter entrado nesse grupo de loucos, os que amam.




(esse é bem antigo, deve ter quase 1 ano)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

e eu perguntei: será que sou Flor?

Será que sou flor
como esses homens pensam?

porque será então, Senhor dos amores
que a nenhum beija-flor eu me sinta pertencente?
porque será que dentre outras flores
me chegam esses amores, fiéis, de sorriso e pureza no peito
e eu me salgo de lágrimas escuras
por ninguém querer por mais de um inverno rigoroso?

porque será, mestre do mundo
que eu juro amor profundo, e sinto (não minto)
e se passa um segundo, já quero outro raiar
já quero outro beijar?

Não sei que tal maldição é essa
desmodesta
de chorar por ninguém querer
enquanto ao redor tantas choram amores não correspondidos
sonhos traídos
sorrisos perdidos
será que meu coração ou não existe, ou não é são
ou ainda não achou um fio qualquer de vida
para me tirar a ferida de só ferir quem eu quis bem?

Peço ardência por mais de um segundo
peço preferência por só um mundo
peço a delicadeza de uma mulher flor
devota ao seu amor
peço o choro pelo meu amado, e o sorriso desesperado
ao vê-lo entrando pela portinha
peço para acha-lo mais lindo a cada dia
e para ter agonia quando ele se vai.
peço para ele me ligar sempre de noitinha, e que
sempre perto das 19 eu sinta um calafrio de amor
bobinho.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Dois balões

Eu pareço vazia
como se os dias que tivessem passado
fossem um segundo de brisa que passou
enquanto eu fechava meus olhos.

Me falta essência
me faltao ego e misericórdia qualquer
me falta o tudo e sobra o nada
quem me preenche totalmente
como um balão assoprado.

um balão perdido
subindo subindo....
subindo?


ainda tentará me alcançar no dia seguinte
pulando,na ponta dos pés, em cima dos ombros de alguém?
ou desistirá durante a tarde
onde o céu é rosa e as moças também?

Nem mesmo te peço coisa alguma
nem mesmo aceito que me peças
mas cá, entre dois balões vazios
sozinhos somos rios, juntos somos mar
prometa me esperar, sem me prometer
fala que me ama baixinho, que só eu vou entender.
cá entre nós,demos nós, que só uma palavra pode desatar
e de nó no coração, só entende quem é balão.




(Todos os textos desse blog são de minha autoria, só para responder a pergunta de um dos comentários.)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

será que existe alguém são? (e salvo?)

Hoje eu acordei meio que sei lá
andei mais pra lá do que pra cá
pensei tanto em não pensar,
mas pensei

porque te dizer que não a todo momento
só comprova o sentimento
de querer dizer que sim

Poucos dias estive lá
fora de órbita, imerso ao ar
explosão
explosão
e voltei, mais uma vez
ao choro sem motivo
ao extremo desmedido
ao pra lá ou pra cá


chega um dia isso passa
me esqueço do seu rosto
ou do meu.
mas até cessar o recente
sentirei meu corpo ausente
de qualquer coisa sã

Romântismo Ultrapassado, Teoria furada, Coberto rasgado.

Se te falo no ouvido
coisas floridas de jasmin
ou não te digo nada
e guardo calada o violão e o tamborim
te digo, mesmo que com aperto
que diferença não faz
porque a música que eu canto
é de beija-flor para beija-flor

(canto em frente ao espelho
para que não se enganes)

meu discurso continua o mesmo
falho, de um braço só
só muda a quem eu falo
mas meu romântisco, não importa a quem,
se repete.
e por isso me sinto traíra
repetindo versos e rimas, que podiam ser pra ti
para outro alguém.

mas não se engane
é apenas um encanto falho
uma arma ultrapassada
uma carcaça cansada
nada que ainda não dê o que falar.