segunda-feira, 7 de junho de 2010

Das máscaras que comprei

Sou uma coisa meio louca sim
e se não consegue acompanhar então distancia-se de mim
porque sou a tristeza e sou a alegria
sou a santa e sou a vadia
sou a riqueza e sou a avaria
sou a maldade e a bondade
sou tudo por não poder ser nada
sou uma dama desacompanhada
sou uma físca incerta,incalculável
sou um sonho inalcançavel

das máscaras que comprei
ah, tão poucas usei
insisto em usar aquela com sorriso que te falei
com um sorriso pintado, que eu inventei
me visto de azul,esqueço os problemas
canto nos bares, invento os poemas
gasto minhas lágrimas com tristezas que não são minhas
porque a dor que me pertence
é tão doente
ai me faz tão doente
que se eu pensar me rasga a razão
ai quero mais não
essa dor desmedida,essa sujeira dessa vida
toda essa ilusão, quero não


ouvi uma música qualquer
e fiquei pensando em como a vida é
da tanto medo da vida
tão feia,tanta ferida
devo ter inventado essa máscara feliz
feito essa pintura no nariz
é pra enganar o coração
e dizer ''entristece mas não''
e finjo que não me apetece
finjo que tenho coisas mais importantes a fazer
mas a verdade é que finjo viver
viver sem culpa no cartório
cantar sem me emocionar com o repertório
que é pra ver se dói um pouco menos
porque deve ser falta de sorte ou coisa parecida
só sei que eu, nessa vida
apanho de fivela de cinto
e eu sinto,ai que dor que sinto!
mas tomo banho de água salgada
tomo uma cerveja gelada
limpo uma lágrima aqui e outra lá
e logo estou eu a cantar
uma canção sem o nome de ninguém
mas eu sei pra quem
ah, só eu sei pra quem.