terça-feira, 14 de abril de 2009

Papo furado

Eu não sei mais escrever.Aponto, aponto o lápis até conseguir ter
alguma idéia.A ponta do lápis já fura como uma agulha e nada.
A folha que era branca já muda de cor, envelhecida, sem uso.Tanto
uso ela poderia ter, tantas histórias poderia contar, mas nada..
Bato com a ponta do lápis na mesa, já não me importo em quebrá-la,
hoje ela está tão inútil para mim, logo ela, companheira de longas
noites de histórias choradas,que podem ser até inventadas mas
sempre são minhas no final.Eu sei que parece estranho, mas meu
lápis e meu papél só gostam de mim quando estou triste.
Aliás, estranho uma ova!Todos sabem que o melhor escritor é a dor,
não pode-se negar.Quando se está feliz é como não se ser, se esquece
das dores do mundo, como então contar alguma se história se você
não pega o fio da meada?Todas as histórias que acontecem são sobre
dores e como reagimos a elas, se lutamos arduamente ou se nos
entregamos a ela e concedemos-na uma dança.Quero dançar de novo
com o vilão sem rosto, quero dançar com a insegurança, me
aventurar numa corda bamba com milhões de crocodillos me
esperando no chão, quero sentir de novo paixão, que nada mais
é do que uma dor que ora dói dói dói como dor de dente até
tomarmos uma providência e tudo volta ao normal e ora
dói dói dó
i como um espinho e quando o tiramos é só gosto de
flor, uma delícia!
É questão de sorte, ou se é feliz ou está se tentando ser, não pode-se
resguardar, ou se dá a cara a tapa ou nunca se conhece o carinho.
É preciso de dispor a se machucar para poder sentir a plenitude
da cura, do remédio, do amor.Claro que tem gente que se machuca
mais, gente que se machuca menos, é loteria amor,mas pra ganhar
ou pra perder é preciso jogar.

2 comentários:

Rodolfo Amaral disse...

Gostei dos seus textos. E esse seu último parece ter a ver com o meu último - e que já é o meu último há algum tempo. A vida afeta minha escrita: quando há alegria, escrevo; quando há dor, escrevo mais ainda, e talvez melhor. Quando não há nada, não escrevo (é tão lógico que, às vezes, penso que até literatura tem um quê de matemática).

Enfim... tudo isso pra dizer que eu espero que o seu blog me ajude a voltar a escrever :)

Anônimo disse...

esse papo não tem nada de furado...