quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Eu e você, sempre

Meu amor, você esqueceu como são as pessoas?
Ri, mas foi de leve, como quem se deixa rir sem querer
Ele era tão lindo, não para o mundo, para mim, para meus olhos
Dizem que o amor é cego, eu acredito que seja ao contrário
Acredito que quando se ama se ganham lentes tão apuradas que podemos ver o interior de quem amamos, e por isso os achamos lindos:
vemos a beleza que ninguém mas pode ver, nenhum rastro de ternura pode se esconder de nossas lentes
Quando o amor vai acabando os olhos vão ficando doentes, se vão as lentes, a beleza é perdida a olhos nus,e se pergunta ''como
antes eu o achava tão bonito?Agora tão banal''
Mas ele ,que estranho, o vi com lentes por tanto tempo.Depois a lente caiu, quebrou, e eu quase gritei de susto achando que
as lentes haviam me deixado realmente cega.Mas após utilizar tantas outras lentes, tantas pessoas diferentes, surgiu de repente
ele e o vi com lentes magníficas, vi detalhes da sua alma e me pinicava a barriga de risinhos ao ver tanta doçurinha.
Então era bem assim, não importava quanto tempo haviamos nos afastado, mudado, vivido, no final era sempre a gente.
Eu fazia algo diferente do meus estilo daqui, e ele dali, e depois nos ligávamos e ríamos das nossas besteiras. E quando eu
contei para ele sobre uma história horrível da qual ouvi ele disse ''esqueceu que nem todos são como nós?''.
Quase o abraçei o telefone, já que ele estava a alguns minutos, quase uma hora com o trânsito, de distância. O mundo lá fora
é outra coisa, outro assunto, outro mundo.Existem dois mundos, um em que moram as pessoas e outro em que mora o amor e nós moramos
no segundo.Me sinto tão desprotegida quando tenho que sair pelo caos sem ele, é quase como se os outros falassem outra língua,
e quando eu me sinto perdida de maneira inconsolável só falar com ele acalma meu coração, porque ele entende minha língua, ele
entende e me vê com lentes.
Tanta gente diferente, bonita, animada, mas juro que vi e é só fachada.Me iludi, assim como você mesmo já deve ter se iludido,
achando que do outro lado do muro tudo era mais gostoso e melhor.Que propaganda furada, me senti esquecida em meio de uma cidade
de pessoas também esquecidas, ou então muito lembradas sem ao menos merecerem.
Mas sabe quando vocÊ faz uma escolha e não se pode mais voltar atrás? Não por falta de coragem, juro que sou frágil mas minha
força de vontade é contruída a aço, mas por não ter mais sentido.Não tem mais sentido eu lhe falar que devemos novamente nos
ver de lente em tempo integral, até porque essas lentes tem validade, e você sabe, todo dia acabam se desgastando e logo logo
quebram.Então é como um segredinho.Ele vive dali, e eu vivo daqui, quase não suportando mais esse ir e vir de pessoas que nós
vemos desfocadas e sem cor, e quando começa a me faltar a vida eu grito e ele responde, e eu sinto cheirinho de grama e de terra
molhada, e eu sinto aquele cheirinho de estar em casa, pois juntos formamos um lar.
Riu das minhas histórias mas logo endureceu o olhar, ''eu te amo'', para que falar?Se todo o mundo falar por nós quando estamos
a sós.O sol brilha mais bonito, meu peito aconchega a agonia, só acontecem amores e alegrias, verões durante o ano inteiro, janeiro
a janeiro.

2 comentários:

Julia disse...

amei o texto!
mas QUE inspiração hein diva.
congratz !

Rafaele Ferreira. disse...

Estou encantada com os seus textos! E com a coragem de publicálos, não tenho essa coragem. Te favoritei no meu blog, tem problema? E mais uma vez parabéns!