segunda-feira, 29 de setembro de 2008

despedida (de novo, de novo)

Ela não sabia amar.Amava desmedido, e amor não pode ser assim. Amor é calmo, constante, conformado.Ela amava ardido primeiro,
moléculas agitadas,coração quase saindo do peito. Depois o amor virava gelo ralo, aquele do fundo do freezer que fica ali,
triste e insignificante por muito tempo até alguém tomar coragem e resolver descongelar o freezer.
Ela não sabia amar, repetia para si mesma enquanto fazia aquele caminho, o antigo caminho de volta para casa. Já tinha feito aquele
caminho com tantos homens, sempre o caminho da despedida. Andava olhando para o chão, fingindo ter frio, enquanto eles
andavam trocando as pernas, com os olhos marejados e coração inconformado.Aqueles homens, lindos homens, altos, másculos
e divertidos, que há meses atrás faziam ela temer perde-los, aqueles homens agora só desejavam voltar no tempo, tê-la de novo.
Eles iam embora pensando que perderam a mais fina flor, a achando a única, a achando uma linda princesa a qual valia a vida
poder estar junto.Ela carregava sob os ombros o peso de destruir um coração a qual tanto tempo havia cuidado, ela carregava
o peso que tem o assassino, o assaltante, o carrasco.No final sentia um grande alívio, mas esse nunca era maior do que o
sentimento de repúdio por si mesma.
Por que havia então se sempre arranjar alguém para machucar?
ah, ela tinha aquela mania, aquela velha mania de carinho nas tardes de domingo, de ligações no fim de noite, de reclamar
das toalha jogadas em cima da cama e de receber massagem após um longo dia.

2 comentários:

fabricio quintella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fabricio quintella disse...

Belíssimo texto, muito sensível a uma realidade amarga e universal: o fim de um amor eterno !